segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O ADEUS DE MALÚ

Foi difícil a longa caminhada pelo passeio aberto em meio a um jardim florido de primavera. Olhou para a rua, como fazia nos últimos nove meses. Já havia desistido do celular e de olhar a caixa de mensagens de seu Outlook. Parou de se torturar no msn, twitter e facebook.

Caminhou vagarosamente de volta a porta de entrada de sua casa. Seguia uma rotina de trabalho. Acendia cigarros, bebia vinhos e as vezes até pensava em sorrir, em seguir em frente. O difícil era entender o que tinha acontecido. Queria uma explicação. Não precisava ser verdade. Queria apenas que o convencesse, como se ele pudesse realmente ser convencido.

Não podia. Aquela era a maior dor de sua vida. Ele amou Malú mais do que podia, mais do que ela desejava. Ele não compreendia. Ela também não. Apenas, sentia. Longa era a estrada de Malú. Longa e imprevisível.

Quando Bebel chegou, João acreditou mesmo que havia atingido o auge de sua felicidade. Aquilo era verdade. Não imaginava, porém, os planos de Malú. Na verdade, nem ela sabia. Não sabia direito o que queria de João. Voltou porque sentiu sua falta. Voltou por um desejo de tê-lo sempre por perto, sempre ao seu lado. Isso também era verdade.

Talvez Malú tenha esquecido apenas de um detalhe. O que queria João? Não contava que ele podia não querer aquilo. Talvez ele não se importasse. Porém, era possível também que ele não desejasse ser eterno para alguém que não desejava ser eterno para ele. Malú estava feliz apenas por ter uma filha de João, carregando com ela o amor maior que alguém já lhe deu em toda a sua vida.  João estava só.

Não é fácil despedir-se de um personagem. Não é fácil despedir-se de um grande amor. Espero ter sido coerente com meus personagens. Na vida, e na arte, é preciso ter coerência e responsabilidade. Além de muito amor, é claro.


Por Henrique Biscardi

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